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tigrinho sem deposito Opinião - Tinto ou Branco: Evento em Trancoso traz reflexão sobre bebida e sustentabilidade
data de lançamento:2025-01-18 15:30 tempo visitado:127
A data para o Organic Festival Trancoso 2025, no sul da Bahia, já está marcada: 29 de outubro a 2 de novembro. Anotem. Estive lá na edição de outubro passado. Vale muito a pena. Paraíso hippie entre as décadas de 1970 e 1990, Trancoso hoje é conhecido por ser um destino turístico de super luxo e tem na sustentabilidade uma das suas maiores ferramentas de marketing. "O Organic Festival surgiu em 2018, com a vontade de promover um encontro genuíno entre chefs e pessoas ligadas ao alimento e ao turismo sustentável, valorizando o destino como uma referência no Brasil e no mundo", conta o consultor em alimentos e hospitalidade Charles Pirioutigrinho sem deposito, idealizador do festival junto a Lili Torres, na época gerente de alimentos e bebidas da Uxua Casa Hotel amp; Spa.
O evento mescla oficinas, palestras e visitas técnicas a produtores locais (gratuitos), com almoços e jantares (cerca de R$ 300,00) de chefs renomados. Este ano, por exemplo, cozinharam Janaína Torres, Roberta Sudbrak, Onildo Rocha, Ricardo Lapeyre e Gabriela Barreto, entre outros. Instigados a usar produtos locais e, de preferência, orgânicos, os chefs são o atrativo, mas a reflexão mesmo acontece nas palestras e afins. Por fim, há dois grandes eventos de encerramento: no sábado, o piquenique no quadrado, onde chefs e pequenos produtores da região montam barracas e vendem comida a preços bastante acessíveis, e, no domingo, o luau num bar na praia aberto ao público.

Participei de duas visitas técnicas. Na primeira, estive em quatro hortas em sistema de agrofloresta. No outro dia, visitei a horta orgânica da Reserva Particular do Patrimônio Natural Rio do Brasil, do grupo OCanto, o mesmo da Pousada Tutabel, um projeto que busca criar alternativas sustentáveis que possam ser replicadas pela população local.
Boa parte do que comi, nos almoços e jantares, no piquenique e no luau, veio dessas hortas. Mas e o que bebi? Pouca coisa era local. Só frutas, ervas e alguns ingredientes de drinques, como o mel de cacau. Esses, na maioria, eram também orgânicos. Destilados, vinhos e outras bebidas alcoólicas vinham de fora. Nem tinha como ser diferente. Não há uma produção local disso.
"Além de usar insumos orgânicos, procuro ter o mínimo de desperdício", conta Cynthia Soledad Zamora, mais conhecida como Chula Barmaid, a mixologista que criou a maioria dos drinques que animaram as tardes e as noites do festival, que, garanto, foram bem animadas. "O que sobra das frutas, por exemplo, passo no desidratador para serem usadas em outros drinques. Mas a maioria dos destilados são importados."

O festival serve para instigar a reflexão sobre o tema. Há muito sobre o que refletir. A começar pelo fato de que, ao falarmos em bebidas importadas, falamos de uma pegada de carbono gigante. As garrafas cruzam o Atlântico em navios movidos a petróleo. Isso, porém, está começando a mudar. Em 2024, veleiros de carga começaram a transportar marcas de luxo, como o champanhe Perrier Jöet e os borgonhas da Maison Drouhin, da França para os Estados Unidos.
jogo do tigreEnquanto não trocarem toda a frota de cargueiros do mundo por veleiros, porém, podemos concluir que consumir bebidas nacionais é mais sustentável. Claro! No caso dos vinhos (e de alguns destilados também), felizmente, o produto nacional hoje já tem muita qualidade. No festival, encontramos vinhos gaúchos, produzidos na maior parte com uvas orgânicas e biodinâmicas, com mínima intervenção, pela vinícola Vivente Vinhos Vivos, de Diego Cartier e Micael Eckert.

Diego deu uma pequena palestra com degustação na programação da tarde do festival. Lotou. Havia desde chefs vindos de São Paulo até turistas e moradores. No meio do público, um casal de São Paulo, que está montando um bar de vinhos em Trancoso e que descobriu ali o vinho natural. Esse é o papel do festival!
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Eles também deram uma aula aberta. "A nossa intenção principal é mostrar que as pessoas podem fazer a sua própria bebida", diz Fernando. "No Brasil, tanta jabuticaba e tanto caju, por exemplo, viram lama porque o produtor não consegue vender tudo", diz Leo. "Fermentar é uma forma de preservar".
Boa parte do público era de produtores locais de frutas. "Muito bacana", diz Fernando. "Uma moça de Porto Seguro nos trouxe o melomel (hidromel com frutas) que ela fez com o que aprendeu na nossa palestra de 2023. Emocionante."
Da minha parte, espero nas próximas edições ver a bebida ocupando cada vez mais espaço e aparecendo com uma diversidade ainda maior. Como o objetivo é a reflexão, quanto mais vozes, melhor.
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